VITRINE RS
VitrineRS é um aplicativo de vitrine que facilita a conexão entre as pessoas de todo o país e comerciantes do Rio Grande do Sul que foram afetados pelas enchentes.
Em 2024, comecei a me afastar aos poucos dos atendimentos clínicos para me dedicar ao UX. Em Abril, já discutia a ideia de um aplicativo de realidade virtual, área na qual me especializei. No final do mesmo mês, o Rio Grande do Sul (RS) enfrentou o maior desastre natural da sua história. Mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas e a vida pública foi paralisada.
Diante desse cenário, decidi mudar o foco e desenvolver um projeto de aplicativo que pudesse contribuir para a recuperação econômica dos comerciantes locais afetados pelas enchentes.
Assim, nasceu a VitrineRS.
Em um exercício de branding listei algumas coisas que queria que o aplicativo representasse, bem como as que eu queria evitar. Meu objetivo era deixar o propósito de “expositor” muito claro.
Adotei uma abordagem centrada no usuário, me concentrando nas suas necessidades utilizando metodologias ágeis para desenvolver, testar e iterar rapidamente o aplicativo com base no feedback dos usuários.
"Sou do Rio Grande do Sul e minhas vendas estão travadas, o sustento da minha família vem do online’’ - participante da pesquisa
Para ter certeza que eu estava resolvendo os problemas certos, iniciei ciclos de pesquisa que incluíam desde a cronologia do desastre e impacto no mercado até uma avaliação heurística das soluções digitais criadas com o mesmo intuito.
Na Desk Research, me certifiquei de fazer perguntas abertas adequadas para não influenciar ou induzir o usuário em uma direção específica. Além disso, optei por realizar a pesquisa com uma amostra maior de usuários para adquirir uma quantidade relevante de informações.
Mas antes, eu precisava organizar e priorizar as áreas de foco no desenvolvimento do aplicativo para garantir que as decisões fossem baseadas em uma compreensão clara das necessidades e problemas enfrentados pelos comerciantes afetados pelas enchentes.
Através da Matriz CSD foquei em definir certezas, suposições e dúvidas. Matriz CSD dinâmica, não estática elaborada no início do projeto, mas sim, dinâmica e ativa de acordo com o desenvolvimento e avanços do projeto.
Sintetizando os dados da entrevista que realizei de forma remota, procurei por padrões e pude identificar que todo um ecossistema foi afetado. Dos 20 entrevistados, 19 tiveram uma queda de 90% no faturamento desde o início de maio devido aos efeitos das enchentes.
Ao projetar a persona, interpretei e agrupei aspectos comportamentais e emocionais para gerar um design com boa experiência.
Depois de passar pelas entrevistas, me baseei nos dados de pesquisa para uma compreensão mais profunda e cuidadosa das necessidades dos usuários da VitrineRS. Por último, utilizei a metodologia científica BIG FIVE para avaliação de personalidade.
Em termos de design, eu precisava que os usuários entendessem que a VitrineRS tivesse os principais recursos esperados de um aplicativo para lojas virtuais. E ao mesmo tempo, ter uma interface simples e eficiente porque muitos dos usuários não eram familiarizados com o uso de tecnologias, enquanto outros poderiam estar dando seus primeiros passos no mundo digital. Eu precisava garantir que o aplicativo fosse intuitivo e fácil de usar para todos.
Para isso, o projeto precisava passar por uma série de iterações. Nesse processo eu cheguei ao framework de comportamento COM-B. Ao examinar os componentes Capacidade, Oportunidade e Motivação, foi possível adaptar o aplicativo para que correspondam às necessidades e desejos dos usuários, favorecendo então, uma experiência mais satisfatória.
O "Adote uma Loja" visa criar uma rede de apoio onde empresas maiores, investidores, comunidades e voluntários possam contribuir para a recuperação e revitalização de pequenas lojas afetadas por enchentes, desastres naturais ou crises econômicas. O objetivo é oferecer recursos como Marketing e Branding , Consultoria e Mentoria, Workshops e Cursos,
conhecimento e suporte necessário para que essas lojas possam se reerguer e prosperar novamente.
Mais tarde, realizei o teste de usabilidade com 5 pessoas para encontrar possíveis problemas. Embora se conectar com comerciantes do RS fosse importante, era preciso deixar clara a logística de entregas. O comprador precisava estar ciente sobre os eventuais atrasos nas entregas devido reestruturação de alguns comerciantes e bloqueios em estradas. Para isso, projetei uma interação direta entre o consumidor e o comerciante.
Conversando com os usuários, logo ficou claro que uma rede de solidariedade havia se formado. Mas iniciativas em apoio aos negócios do RS são imprescindíveis.
Entendi que existia melhorias a serem feitas, essas agora, a nível de comunicação e rede de apoio para os comerciantes. Ao entender os fatores que impulsionam ou dificultam o comportamento dos usuários acrescentei o programa "Adote uma Loja" para ajudar os comerciantes a se reestruturarem após as enchentes e dificuldades financeiras.
Quando migrei para o UX, nunca imaginei o quanto o processo de criar um produto era semelhante ao de atender um paciente. Que um projeto exige, primeiramente, compreender o princípio de fisiologia e comportamento humano, suas necessidades e expectativas. Que ao conversar com alguém que enfrenta um problema é necessário investigar a causa através de métodos confiáveis baseados em evidência científica, assim como pesquisas com uma amostra maior de usuários para garantir uma quantidade relevante de informações.
Outra semelhança é que para um projeto ser bem sucedido é necessária uma a avaliação e iteração, assim como em um tratamento, onde existem as reavaliações, exames e testes clínicos. É sobre não subestimar os testes de usabilidade e que no final das contas, uma das coisas mais fascinantes é visar a melhor experiência na vida das pessoas.
Por fim, agora como UX, estou aprendendo que os usuários não se importam se um aplicativo é bonito, sofisticado ou que carrega rápido se não resolver uma necessidade ou se ele não for resolutivo.